terça-feira, 31 de maio de 2011

Eu

Busco num poço profundo
um pedaço do mundo
que quero encontrar

busco num poço profundo
a peça que falta
pra me consertar

busco num poço profundo
um pouco de calma
pra me ajudar

busco a moça imperfeita
que em meus braços se deita
pra me iluminar

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Da mais alta importância

“... Toda vez que eu errava cê dizia
      Preu me soltar
      Porque você me conduzia ...”

Não se pode dizer quem conduzia quem. Anos se passaram e eu continuo na dúvida...Só sei que aqueles muros não têm a mesma cor, já não cabemos mais em um velotrol e não temos mais o mesmo olhar inocente de quem não tem nada a temer.Crescemos.
Mas não muito!Ainda vejo em nós duas crianças descobrindo o mundo.Ainda vejo na menina-mulher a mesma alegria de quem batia palmas de tanta felicidade.Ainda vejo em mim um olhar cabisbaixo de quem sabe o tamanho da responsabilidade sobre seus ombros.
Seguimos caminhos diferentes, nos tornamos adultos.Nos afastamos, nos reaproximamos.Erramos e pagamos por nossos erros. Criticamos nossas atitudes.Complicamos a vida até as últimas consequências. Filosofamos.
Ela fuma seu paiol, toma seus remédios.Eu corro sem direção, perco-me em devaneios e bebo as minhas fugas.Ela tatua seu corpo, eu marco minha alma.Ela sorri despretensiosamente.Eu olho pra baixo, envergonhado, tentando esconder o que sinto.
Amor?Sentimento efervescente, catalisado por imagens do passado, do presente e até mesmo por vislumbres de um possível futuro.Sensações que não cabem em uma palavra, sentimentos não verbalizados.Descomplicamos.
Sobre o futuro, não quero pensar agora.Deleito-me em seu abraço, na voz suave e forte de quem decide o que quer.Porém ela diz ter medo do fim, mas como imaginar um final se eu moro nela e ela em mim?


Nos entendemos.E isso é o bastante.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sinal dos tempos

Na aula, fazendo um trabalho em grupo onde  ninguém tinha noção do assunto abordado:
_E agora?Eu não sei nada.Não tenho idéia do que fazer!-Disse o elemento X já arrancando os cabelos.
Os outros dois com aquela face calma e confiante disseram:
_Nós também não...
O elemento X prosseguiu:
_E porque estão calmos assim?
E responderam:
_Com o tempo você acostuma!
Fazer engenharia é isso.Nunca se desespere por não saber nada.Na maioria das vezes, ninguém sabe.

E agora?


Todo momento de profunda angústia ou de dor deveria ser marcado pela abertura de novas possibilidades.Assim, perceberíamos a superioridade da vida e que sempre é hora de reafirmarmos nossos sonhos.
Pena que nem sempre acontece dessa forma.É nos momentos de dor e de angústia que demonstramos a ausência de fé e descontrole emocional característicos dos descompensados.
O problema é que temos medo, medo de não corresponder às expectativas de todos aqueles que nos circundam; medo de não sermos aquilo que nossos pais sonharam ou, até mesmo, medo de não sermos aquilo que sonhamos ser.Ora, talvez se parássemos de querer vir a ser, entenderíamos que já somos...
Somos errantes, injustos, carinhosos e até altruístas.Mas quase nunca reconhecemos.A sede de chegar ao pódio é tamanha que parecemos cada vez mais com cavalos puxando uma carroça, sempre com o olhar adiante, carregando um fardo que não é seu.Olhe pro lado e você poderá enxergar um mundo de cores mais vivas.
É desfrutando cada momento dessa jornada que encontraremos o significado que buscamos pras nossas vidas.Então, reflita!Use o seu superpoder...Pense!Se você só enxergar o problema, a solução ficará cada vez mais camuflada.E se faltarem forças, pense novamente.Será esse o seu verdadeiro sonho ou apenas mais um peso na carroça?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

As histórias fantásticas do meu irmão

      E eu tive a brilhante idéia de acompanhar meu irmão e  o caseiro, com nome de país, pra tirarmos mel de uma colméia previamente estudada no decorrer do dia.Já era de tardezinha e todos os artefatos necessário estavam a postos  esperando  o momento certo.E partimos, o caseiro a frente, meu irmão, eu e o Pit, cachorro de raça desconhecida(acredita-se que era resultado da cruza de um pit-bull com basset, sem comentários).Não me recordo sobre a lua, mas não era uma das noites mais claras.
    Ao adentrar a mata, uma escuridão total e absoluta, não se via um palmo à frente do nariz.Apenas a luz de uma lamparina iluminava as árvores e a colméia.Enquanto o caseiro se preparava, eu e meu irmão procuramos um lugar mais afastado para podermos acompanhar a operação.Em minhas mãos uma vela que deveria ser apagada pra não atrapalhar e o Pit.
    Naquela escuridão todos os meus piores pensamentos vieram à tona, sem contar no medo de que de repente surgisse algum animal das profundezas obscuras daquele lugar.Totalmente alerta e qualquer folha que caia já parecia um leão pronto pra me devorar.Sim, eu sei que ali não haviam leões, mas duvido que alguém conseguisse me convencer do contrário naquele momento.Pra todo lado que se olhava nada se via.Somente  alucinações de uma mente perturbada.
    Confesso que às vezes me distraia com o caseiro em cima da árvore, fazendo fumaça para espantar as abelhas, mas era quando eu ouvia o choro do meu cachorro que de tanto eu apertar quase não respirava.Era difícil de acreditar que há poucos metros dali eu estaria a salvo, mas nunca teria coragem de sair dali sozinho e nem poderia.Irmãos mais velhos nunca se esquecem das fraquezas dos mais novos e podem te envergonhar a qualquer momento pelo resto de suas vidas.Já qse terminando de retirar o mel,ascendi a vela e aquela luz mesmo fraquinha já fazia uma diferença colossal.
    Ouve- se um urro que se aproximava cada vez mais, a cada novo urro, um arrepio. As chances de correr e conseguir escapar eram inexistentes.No breu total, era dar um passo e cair.Segundo meu irmão, que diz ter olhado pra trás. Só se via a luz de uma vela que balançou prum lado, depois pro outro e finalmente caiu ao chão.
    Eu não morri, mas foi quase. Se não tivesse reconhecido a risada de meu pai, orgulhoso de mais uma de suas brincadeiras atrapalhadas que deram certo, eu não sei o que seria de mim.Passado o medo, consegui me recompor.Mas não, ainda não acabou.No caminho de volta, o caseiro começa a gritar pro meu irmão:

_Pára, mexe não, mexe não.Tem uma abelha no seu pescoço...
_Paah-Um tapa na nuca.

Mas nada...ela continuava ali.Não era uma abelha, era uma pinta que mais tarde teve que ser retirada pelo dermatologista.Afinal, irmãos mais novos nunca se esquecem quando seu irmão mais velho leva um tapa na nuca por alguém que confundiu sua pinta com uma abelha.E assim eu encerro mais um trauma semi-superado na minha vida.Papai, te amo!