quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Riscar-te

Daí a pessoa começa a namorar.
E quer substituir a família, os amigos e todas as outras relações possíveis por aquele(a) a quem diz amar.
A pessoa começa a namorar e se deixa levar por todos os devaneios do outro. Deixa de existir pra viver um nós. Um nós de dois. Nós.
A pessoa segue em frente apostando na relação que já começou errada e se complica cada vez mais, iludidos pela existência do amor de novela, sucumbidos em suas próprias inseguranças. Aterrorizados pelo medo de ficar sozinho. Impossibilitados de notar que merecem algo melhor.
A pessoa muda, se afasta de todos, mas não percebe que está sozinha numa relação de dois comuns. Preenchida por sorrisos de passagem, com colegas que não estarão ali pra sempre.
E nós que estamos aqui pra sempre? Ou ficamos como urubus esperando a queda ou te riscamos.
Mesmo que temporariamente.

sábado, 24 de agosto de 2013

Passar

Entre secas, dessas que nos fazem enrijecer, e enchentes, dessas que nos fazem transbordar, acabei me perdendo de mim mesmo. Em alguma curva desse rio eu me atrasei de mim e não importa o quanto eu tente acertar estes ponteiros ou compensar os atrasos, parece que sempre fico pra trás.
Talvez por que eu ainda não tenha aceitado o passado. É... Vai ver é isso. Se eu aceitasse...
Mas talvez seja por que ainda não aprendi a viver. Acho que faz mais sentido, já que vivo tentando perceber padrões e encontrar o ponto que me prende nessa espiral que nos consome.
As poucas vezes que me liberto é quando não penso em me libertar, quando penso em você e no nosso futuro juntos, ou quando estou aqui cuidando delas. Quando estou com meus amigos.
E, definitivamente, este é o único padrão que encontro. Desviar o foco e esperar.
Esperar o tempo. Atrasar-me um pouco mais. Talvez não seja tão ruim ficar pra trás. Existe beleza em ver o trânsito. Mesmo que ele não seja seu.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Em preto e branco

Já vi o mundo em cores, agora já não vejo nada.
Anos áureos, anos memoráveis.
Anos pra poder viver.
Aqui em casa tem um poço e a água não é limpa.
Me atolo em lama negra e quanto mais tempo subir mais me afundo.
E pouco a pouco eu viro água.
Me desfaço.
E espero que tudo vire apenas memória.