sábado, 12 de dezembro de 2009

É o fim, é o fim!

Hoje eu chorei, quando dei por mim meus olhos estavam marejados, nariz irritado, garganta seca e uma imensa dor no lado esquerdo do meu peito.São motivos tolos, talvez, que com o passar do tempo nem me lembrarei, mas que vivendo no extremo, neste turbilhão de sentimentos, nessa intensidade tudo toma proporções surreais. É chegado o fim do ano, quando a maioria das questões são encerradas, estudo, trabalho e até cenas pessoais; é hora do balanço final é quando percebemos que após trezentos e sessenta e tantos dias continuamos iguais ou piores do que já fomos, medíocres, hipócritas e egoístas.É quando nos reunimos em família para celebrar a desunião de um ano inteirinho, pra sussurrar nos ouvidos alheios os dois quilinhos que fulana ganhou, o vestido espalhafatoso daquela e a miséria do outro.É quando celebramos o ano que virá com a mesma falta de amor e com a mesma ignorância ao significado da palavra coexistir.É quando percebemos que nem um terço dos nossos sonhos, planos ou metas(dê-se o nome que preferir) foram se quer colocados no papel.É quando dizemos: 'Nossa, como o ano passou rápido', e assim ficamos mais velhos, mais insatisfeitos, mais egoístas e amargurados.E mesmo ganhando os quatro mil por mês e tendo uma vida invejável não conseguimos descer do pedestal de madeira podre sobre o qual nos erguemos e estender a mão a outrem e oferecer-lhe mesmo que uma singela palavra de esperança.
Assim, nos fechamos cada vez mais em círculos sociais falhos que a cada dia se aproximam mais de sua cintura.Eu renuncio à esta celebração, aos litros de bebidas e à mesa farta, tudo o que precisamos é de um pouco de atenção, uma confraternização familiar onde conversaríamos e faríamos planos e nos alegraríamos por ter com quem dividir e estar junto após trezentos e sessenta e tantos dias separados!