quarta-feira, 4 de maio de 2011

As histórias fantásticas do meu irmão

      E eu tive a brilhante idéia de acompanhar meu irmão e  o caseiro, com nome de país, pra tirarmos mel de uma colméia previamente estudada no decorrer do dia.Já era de tardezinha e todos os artefatos necessário estavam a postos  esperando  o momento certo.E partimos, o caseiro a frente, meu irmão, eu e o Pit, cachorro de raça desconhecida(acredita-se que era resultado da cruza de um pit-bull com basset, sem comentários).Não me recordo sobre a lua, mas não era uma das noites mais claras.
    Ao adentrar a mata, uma escuridão total e absoluta, não se via um palmo à frente do nariz.Apenas a luz de uma lamparina iluminava as árvores e a colméia.Enquanto o caseiro se preparava, eu e meu irmão procuramos um lugar mais afastado para podermos acompanhar a operação.Em minhas mãos uma vela que deveria ser apagada pra não atrapalhar e o Pit.
    Naquela escuridão todos os meus piores pensamentos vieram à tona, sem contar no medo de que de repente surgisse algum animal das profundezas obscuras daquele lugar.Totalmente alerta e qualquer folha que caia já parecia um leão pronto pra me devorar.Sim, eu sei que ali não haviam leões, mas duvido que alguém conseguisse me convencer do contrário naquele momento.Pra todo lado que se olhava nada se via.Somente  alucinações de uma mente perturbada.
    Confesso que às vezes me distraia com o caseiro em cima da árvore, fazendo fumaça para espantar as abelhas, mas era quando eu ouvia o choro do meu cachorro que de tanto eu apertar quase não respirava.Era difícil de acreditar que há poucos metros dali eu estaria a salvo, mas nunca teria coragem de sair dali sozinho e nem poderia.Irmãos mais velhos nunca se esquecem das fraquezas dos mais novos e podem te envergonhar a qualquer momento pelo resto de suas vidas.Já qse terminando de retirar o mel,ascendi a vela e aquela luz mesmo fraquinha já fazia uma diferença colossal.
    Ouve- se um urro que se aproximava cada vez mais, a cada novo urro, um arrepio. As chances de correr e conseguir escapar eram inexistentes.No breu total, era dar um passo e cair.Segundo meu irmão, que diz ter olhado pra trás. Só se via a luz de uma vela que balançou prum lado, depois pro outro e finalmente caiu ao chão.
    Eu não morri, mas foi quase. Se não tivesse reconhecido a risada de meu pai, orgulhoso de mais uma de suas brincadeiras atrapalhadas que deram certo, eu não sei o que seria de mim.Passado o medo, consegui me recompor.Mas não, ainda não acabou.No caminho de volta, o caseiro começa a gritar pro meu irmão:

_Pára, mexe não, mexe não.Tem uma abelha no seu pescoço...
_Paah-Um tapa na nuca.

Mas nada...ela continuava ali.Não era uma abelha, era uma pinta que mais tarde teve que ser retirada pelo dermatologista.Afinal, irmãos mais novos nunca se esquecem quando seu irmão mais velho leva um tapa na nuca por alguém que confundiu sua pinta com uma abelha.E assim eu encerro mais um trauma semi-superado na minha vida.Papai, te amo!

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