terça-feira, 29 de março de 2011

Amar

Sempre quis emitir este som
Uníssono!Capaz de expressar
Exatamente aquilo que
Loucamente quero gritar
Lúcido ou não, procuro sem cessar
Esse verbo perfeito que
Nem todo mundo é capaz de, verdadeiramente, encontrar

Se transitivo direto ou intransitivo, só o momento pode dizer.Se carnal, espiritual, fraternal ou amor sem igual, só quem experimenta pode dizer.Não é pra retribuir; é só uma tentativa de falar:Que você é especial; o amor é sem igual e ponto final.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Móveis antigos

Vida de estudante... Sabe aquele móvel que te acompanha desde o início da faculdade, ou pior, aquele móvel usado que você comprou quando ainda na sua primeira república?Esse mesmo, que se falasse...
 Coitado!Já foi montado e desmontado tantas vezes, foram tantas mudanças!Hoje em dia suas portas não fecham direito, as gavetas estão praticamente uma sobre as outras (os trilhos se perderam na última mudança). É praticamente um cofre e só você sabe seus segredos: pra abrir a gaveta do meio você tem que levantá-la primeiro e cuidado com a porta da esquerda!Ela está praticamente escorada.
Definitivamente ele já está muito velho, mas em cada risco de sua madeira existem centenas de histórias que você adora relembrar. Os adesivos colados, as risadas e o choro que só ele ouviu. Ainda não decidi se trata-se de falta de vergonha, dinheiro ou tempo;o fato é que nunca quis substituí-lo e decidi hoje de manhã que ele me acompanhará até o fim!Da faculdade é claro; depois penso em um destino bem legal pra ele!
Por isso, hoje comprei um quilo de pregos!Isso mesmo, um quilo!Afinal, ele merecia ficar novinho em folha e eu queria testar minhas habilidades de marceneiro. Martelo e chave de fenda na mão e lá estava eu conversando com o guarda-roupa. Que na verdade é dos tempos de faculdade do meu irmão!Sem comentários...
Eu não deveria estar confidenciando isso, mas minha vontade de abraçá-lo foi grande.Talvez, nem tanto o guarda-roupa em si, porém tudo aquilo que ele significa.Todo o caminho já percorrido!Nostalgia...
É estranho perceber que as coisas a sua volta envelhecem porque é nessa hora que você nota que também está mais velho. E você se preocupa com suas gavetas emperradas e as portas escoradas. Não seria hora de uma reforma geral?Enfim, duvido que alguém desmonte meu velho guarda-roupa; gastei praticamente metade dos pregos que comprei. Só espero que eu não precise da outra metade (pra me consertar, é claro!).

domingo, 20 de março de 2011

02:34

A chuva cai durante a noite
mas nem tudo parece fluir
Não há nada que o açoite
mas ainda quer fugir
A música não cessa
são pingos caindo ao chão
É uma voz que confessa
a busca de um clarão
Então se vê diante do espelho
e enxerga a única opção
pedir um conselho
àquela de bom coração
Um silêncio, um telefonema
mais um pouco de atenção
Um pedaço de poema
o suor em sua mão
Uma palavra que alimenta
e acalma essa tormenta
de amor e ilusão

Mova-se e esqueça

Não sou daqueles que adormecem facilmente, em condições normais de operação, obviamente.Na maioria das noites, costumo ficar pensando em assuntos diversos, como foi o meu dia, o que aconteceria se eu tivesse superpoderes, se alienígenas atacassem a Terra ou se eu falasse o idioma dos cães.
O mais estranho é que basta um movimento, principalmente se girar a cabeça, e pronto!Lá se foi aquele pensamento.Quando criança acreditava que por ter balançado o cérebro esse pensamento acabara por cair em algum lugar inalcançável e se perdera.Confesso que até hoje não entendo e não sei se existe uma explicação.
Engraçado que só ontem, enquanto pegava no sono, resolvi dar atenção a este fato.Por fim, apenas concluí o seguinte: como seria bom poder chacoalhar a cabeça e esquecer de vez aquela dor no dedinho do pé, aquela pessoa...ou como as coisas insistem em ser complicadas e você não para de reclamar.
Pena que só é possível fazer isso deitadinho na cama.Talvez por isso, às vezes a gente nem tenha vontade de sair dela.Ah!E se um dia você me avistar andando por aí amarrado em um colchonete, não se assuste!Será apenas uma tentativa de continuar a vida normalmente, podendo esquecer qualquer coisa com apenas um movimento.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Escolhas

Em algum momento da sua vida, a estrada que você seguia bifurcou-se e você foi pego de surpresa!Qual caminho escolher?O caminho A ou o caminho B?Não há como saber qual é a melhor escolha.Você para e tenta racionalizar...ou opta por seguir seu sexto sentido.Tanto faz, você se arrependerá.O arrependimento está incluso em toda escolha que fazemos.O que conta é o tamanho dele;é como naquela balança em que se coloca o que valeu  e o que não valeu.
Mas, não é esse o meu ponto.Ao escolher o caminho B, você passa a ser “Você+B”.Aquela pessoa diante da encruzilhada já não existe mais, pelo menos não daquela forma.Agora ela carrega consigo o peso de sua escolha e há de arcar com todas as conseqüências da mesma.Não, ela jamais será a mesma.Mesmo que a vida a coloque diante das mesmas opções, existe um fator que não podemos controlar, que segue em linha reta e nunca pensa em voltar.Tempo!
A palavra “tempo” já deveria vir com a legenda: Mudança retilínea em sentido único!Depois de um caminho escolhido, jamais poderemos voltar atrás e escolher o outro.A pessoa “Você+A” jamais existiu...nunca existirá!Obviamente, existe a opção: “Você+B+A”, mas nunca “Você+A”.Porém, ainda não cheguei ao que eu queria.
A vida segue e as pessoas continuam escolhendo, entre dois caminhos ou entre duzentos.Estamos, sim, condenados à liberdade.Condenados a escolher o tempo todo.E continuamos vivendo as conseqüências de nossas escolhas, seja por sermos dignos e conscientes da nossa responsabilidade com a vida, ou seja por sermos inconseqüentes.A conta sempre chega!E como é bom poder tomar as rédeas da vida e assumir tudo o que fazemos, assumir todas as conseqüências por, simplesmente, existirmos...
O problema é quando nos deixamos dominar por aquela projeção: “Você+A”. Essa mesma, que nunca existiu e jamais existirá.Às vezes, insistimos em querer viver algo impossível.Seja por não estarmos satisfeitos com o “Você+B” ou por acharmos que se tivéssemos escolhido a outra opção, tudo seria melhor.Agora, pare e pense nas palavras-chave da última sentença: “Acharmos”, “se”...Quem determina o valor da vida é quem a vive e quem vive não “acha” e a condição só serve pra analisar o futuro, as novas possibilidades.
Independentemente do caminho tomado, você poderá sempre fazer novas escolhas.Aquilo que passou não voltará e aquilo que poderia ser, nunca será.Só nos resta respirar bem fundo e carregar toda a bagagem que acumulamos durante essa trajetória.Seja repleta de arrependimentos ou não...É preciso carregar este fardo, mesmo que seja pesado demais.Caso contrário, a vida com certeza te cobrará caro.E creia, sempre poderá surgir alguém disposto a te ajudar, o peso sobre suas costas será menor e o mais importante, será “Você+B+(...)+Outro alguém”.
Tudo poderá...

domingo, 13 de março de 2011

Fragmentos - Parte 7

O que você precisa saber: Culturalmente, os irmãos mais velhos repassam suas coisas usadas, quando não lhes servem mais, para os irmãos mais novos.Isso se aplica a roupas, brinquedos e outros.E sim, é horrível!

Andando pela rua ela vê um Punto(carro) e diz:
_Esse carro é lindo!
Continuamos a caminhar quando ela interrompe:
_E você vai ganhar um!
Lancei um olhar de incompreensão e ela prosseguiu:
_Seu irmão não tem um?Quando ele for trocá-lo você fica com ele!
Continuamos mudos.E só agora eu percebi que ela estava sendo má!Em uma única frase conseguiu mexer com um trauma e me chamar de incapaz.Portanto, Clarinha, você não é nada boazinha!

Ê vida!

Se minha vida tivesse cara eu daria um soco nela!Ouvi isso em um filme e não pude resistir...Ela largou tudo, emprego, casamento e a vida estável pra ir em busca de algo maior.Na Itália, conheceu novos sabores, novos prazeres; na Índia, conectou-se espiritualmente com um novo mundo e em um acidente do destino conheceu o amor de sua vida.Escreveu um livro, teve sua história filmada e me fez ir ao cinema perceber como o amor é tolo e eu mais ainda por acreditar nele...
Drama por drama, eu prefiro o meu, obviamente; não apenas por ser meu, mas por ter altas doses de realidade.Aos vinte e dois anos casei comigo mesmo; encontrei meu espaço no mundo e nem foi preciso um circuito muito longo!Foi na cidade onde nasci e fui criado!Acredite!Apesar de ter ido longe(nem tanto assim) pra tentar esse feito, só consegui realizá-lo aqui.
Um mês depois me separei de mim mesmo e sofri todas as dores da nova vida de solteiro.Há alguns dias reatei!E tudo isso nessa mesma cidade.Mesmo não morando aqui.
Não atropelei ninguém, muito menos fui atropelado.Não conheci o amor da minha vida...Mas nem por isso estou mais triste, muito menos mais feliz.A vida é assim, nada simples!Às vezes queremos socá-la, às vezes niná-la em nossos braços.Não é linear, tão menos senoidal...A vida é um fluxo, talvez um fluido que mecânica alguma conseguirá equacionar.Chega de divagações.Viver transcende qualquer teoria.
Finalmente, a vida parece estar seguindo.Esse relacionamento com todos os pedaços que existem em mim parece estar dando certo.Talvez venham mais separações, ou novos casamentos; o importante é ter em mente que o instante perfeito é esse em que está se vivendo.Não é daqui há um dia, nem foi ontem!Viver no presente é o conselho que você provavelmente mais ouviu, mas talvez nunca ninguém tenha dito que adequar-se no presente pode ser bem mais promissor que simplesmente vivê-lo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Peculianidade

A postagem sobre as peculiaridades da humanidade!

O senhor mancando de uma perna foi comprar uma bota.Escolheu as de número 39; no pé direito ela encaixou como uma luva, mas no outro pé ficou muito grande.Tentou as de um número menor, no pé esquerdo serviu muito bem, mas no direito...mal conseguiu calçá-la!
Entra aí a análise das possibilidades, que são inúmeras e não cabe a mim discuti-las.Mas é lógico que ele optou pela mais peculiar, pra não dizer questionável.
O velhinho safo tratou logo de ir na prateleira, pegar um pé de cada número e ir embora.Só se esqueceu que ao passar no caixa iriam conferir o produto; seu plano não deu certo.
E eu fico sem palavras!
O ser humano continua sendo impressionante ( negativamente falando!).

Fragmentos (+imaginação) - Parte 6

Domingo.
Em uma conversa corriqueira depois do hiato vivido pelo VIPE, Gilmar convida Nectarina:
_Vamos caminhar no Parque?
Ela prontamente responde:
_Claro!Faz tanto tempo que não vou!
Mas acabaram não indo.Foram comer cachorro quente!
Segunda a sexta-feira:
Nectarina e Gilmar trocam torpedos e o assunto torna-se recorrente.Foram várias mensagens do tipo:
Precisamos ir ao Parque!
E o outro respondia:
É verdade!
Mas acabaram não indo.Tomaram sorvete e foram à pizzaria.
Resultado:
Gilmar não se sente bem.Nectarina está com a saúde comprometida.E o Parque?
Cansou-se de esperar e mandou um recado:
Que preguiça dessa gente!Não me vê e fica doente!
E continuou num tom eloquente:
O importante é que sempre tente!

Um berro

Caminhava pelo parque como em todas as noites daquela temporada.Parte em devaneios, parte sempre atenta ao comportamento humano.Escreveria um livro só com os fragmentos que roubei das vidas que por ali passaram.Poucos metros à frente da primeira curva, onde as dezenas de gatos concentram-se ansiosos pela ração ali colocada (misteriosamente por não sei quem), um homem que corria em minha frente não resistiu ao ver o gatinho de cor cinza todo desconfiado bebendo água e de forma sincronizada pulou em sua direção fazendo um barulho bizarro com a boca, mas que, obviamente, assustou o pobre animal.Perguntei-me qual seria o motivo dessa ação irrelevante aos olhos de muitos, engraçada para outros e desequilibrada para mim.Revoltei-me por alguns instantes e desejei intensamente que um alienígena ou uma raça superior aparecesse ali naquele momento e fizesse o mesmo com aquele sujeito; só pra perguntá-lo se ele continuava achando tudo isso divertido.Mas não podemos resolver as coisas dessa maneira, olho por olho e dente por dente estaríamos em um nível de degradação ainda pior.
Ao ler o livro, de onde retirei o trecho abaixo, pude entender melhor essa relação(ainda falarei muito sobre essa obra de Kundera, uma das mais abrangentes e fascinantes que já li).O parágrafo abaixo aplica-se à uma problemática muito maior.Mesmo assim, encaixo-a nessa pequena análise!Alguém discorda?


A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza e com toda a liberdade em relação àqueles que não representam nenhuma força.O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, situado num nível tão profundo que escapa a nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais.E foi  aí que se produziu a falência fundamental do homem, tão fundamental que dela decorrem todas as outras.(KUNDERA, Milan.  A insustentável leveza do ser/tradução Teresa Bulhões Carvalho de Fonseca. – São Paulo: Companhia das letras, 2008, 4ª reimpressão-pág. 283)


Procura-se

Algo não vai bem
sinto-me sujo
tão logo eu fujo
pego o primeiro trem

Mudo de estação
e nesse caminho reto
tudo está tão certo
mas sem ela não é verão

Procuro abrigo
segure minha mão
volte comigo
e nada será em vão