domingo, 6 de maio de 2012

Ode à cama

E me abraça sem distinção.
Me acolhe a qualquer momento e em seus braços nada mais importa.
Leva me ao nada, ao Japão e à galáxia mais distante que qualquer homem sequer chegou a imaginar existir.
Veste se dos tecidos mais macios e de toque acolhedor.
Perfuma se com a melhor fragrância e me espera todos os dias, a qualquer momento, sem reclamar.
Modificou se de tão modo a me compreender como nem eu mesmo me entendo.
E não adianta resistir, sempre volto pros seus braços, seus abraços.
E quando o Sol nasce e passa a iluminar estes sonhos, chega a hora de partir. A parte mais difícil dos nossos dias.
Fica aquele até logo, assim amargo, recheado de esperança, movido pela certeza que mais cedo ou mais tarde serei todo seu.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Na fila do cinema

Em uma conversa trivial, mas como sempre inspiradora, ela disse:
__ É! Eu vim com um defeitinho!
No momento, achei bárbaro. Uma declaração digna de biografia. 
Passaram se alguns dias e volta e meia estava eu pensando nessa frase. E acredito que só agora, enquanto estas palavras vão se agrupando e de alguma forma fazendo sentido, é que posso me arriscar a dizer que entendo.
Entendo a beleza que há em se dizer que sim, eu tenho defeitos, reconheço-os e assim sendo me vejo de uma forma mais humana. Afinal de contas, quem aqui quer mesmo chegar à perfeição? Colocar-se em um altar e ser admirado, intocado e venerado por tal... 
Pois veja, defeitos acabam por negação nos fazendo mover em direção a algo maior. É tentando corrigir nossos erros e trabalhando estas imperfeições que acabamos seguindo em frente. Sendo, de certa forma, desconsiderável seu êxito ou sua derrota nessa jornada.
E é nessa linha que muitos se perdem, justificando seus erros pelo direito de terem defeitos. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. Deveriam lutar pelo direito de errar, independentemente do perdão alcançado ou não. 
E talvez seja esse o grito entalado que muitos carregam por aí. Errei e mesmo que você não me perdoe eu seguirei em frente. Reservo-me o direito de falhar e o dever de encarar as consequências das minhas atitudes, dos meus defeitos.
E não venha anunciar aquilo que não se consolidou. Assumir um erro, assumir um defeito e assumir que mudou de nada valem se não encarar de frente as consequências de seus atos.
Eu vim com vários defeitos, mas tenha certeza que, à medida que os percebo, tento mudar. Às vezes consigo e às vezes não. E se não, eu tento de novo, pois não são saborosos os frutos daquilo que desafortunadamente plantamos.