sábado, 1 de maio de 2010

O Pinducaio

O executivo sempre atrasado correndo com sua pasta preta pra chegar em tempo aos seus compromissos.Essa é a imagem que todos têm dele, mas quase ninguém sabe que quase em todos os fins de tarde ele vai ao parque daquela cidade de concreto e num momento nostálgico se relembra da infância no sítio de seus pais.
Em meio as árvores e ao som dos pássaros consegue descançar e elevar seus pensamentos, mas de repente entre tantos devaneios de uma mente cansada ele vê uma morena e mesmo escondidos pela face preocupada de quem havera se perdido podia se notar aqueles fortes traços indígenas.Menina moça de nome Irana que abandonou sua tribo em Carapós e partiu pra cidade grande em busca de algo que pudesse preencher aquela imensa dor em seu peito que sempre a atormentava nas noites em que Jaci se escondia.
Irana viu naquele homem sentado num banco à sombra de uma enorme Figueira um coração bom, intoxicado pela cidade, mas que preservava a pureza de quem já conheceu a vida por entre a floresta e os animais.Seus corações aceleraram e ele já não conseguia esconder todo o embaraço enquanto ela tentava esconder as bochechas rosadas.
Se entenderam no mesmo instante, como se suas almas já se conhecessem.Poderiam ficar ali por horas se admirando.Ele tentou, sem sucesso, uma aproximação;foi quando ela entendeu a situação e com um sorriso no rosto resolveu voltar a sua tribo.Ele nunca mais a viu e nas noites em que a Lua era nova sentia essa mesma dor desmedida.Um vazio no peito que nada conseguia preencher.
Mais do que o habitual ele sentia uma necessidade incontrolável de voltar àquele parque.O desejo de reencontrá-la era grande mas isso não aconteceu.Sentado naquele mesmo banco ele percebeu que ela havia roubado seu coração e caído perto da Figueira  ele encontrou  a pulseira, feita de penas e sementes.Ele não tinha dúvidas que era a mesma que ela usava naquele dia e sem perder as esperanças acreditava que ainda a reencontraria, por isso substitui a sua mala preta onde guardava seus segredos mais obscuros por este ornamento que de alguma forma aquietava seu peito e amenizava a dor que sentia nas malditas noites sem luar.


Um comentário:

  1. As aparências enganam! Nós que nos julgamos sabios e achamaos que podemos definir uma pessoa pelo olhar e mais que ingênuidade de achar que ja nos conhecemos !
    Saber aproveitar as oportunidades de ser feliz pq não sabemos quando será o fim ou o recomeço!!!
    E preciso mais sabedoria!

    bjussss Jonny

    Anita

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